quinta-feira, 2 de setembro de 2010

De ruralidade a urbanidade

Dicotomias determinam, em muitos momentos do nosso pensar, significados. Mas até que ponto estes significados (idéias construídas) tem correspondência com a realidade? Existem fronteiras reais entre todos estes elementos dicotomizados?

O exemplo com o qual quero ilustrar estas minhas indagações é bem conhecido. Dois ambientes supostamente distintos: o rural (ou campestre) e o urbano. Essa distinção, ao longo da história, tem agregado diferentes significados a estes ambientes. Foi a matéria prima para movimentos literários como o Neoclassicismo. Entretanto, vivemos um momento no qual as fronteiras - sejam elas físicas, ou abstratas - estão sendo dissolvidas. Muitos aspectos antes tidos como exclusivos de um ou outro, tornam-se agora como elementos comuns a ambos.

Mas, me surge outra questão: O que tem, então, sustentado essa dicotomia?

A resposta que encontro para isso é fruto de minha própria experiência. É aquilo que o homem não pode construir, apenas reconstruir; a natureza. Recontruir segundo a sua própria percepção egoísta, que sempre ultrapassa os limites de um viver subsistente.

O que varia, na minha particular opinião, é a intensidade pela qual essa reconstrução acontece. Não que a mesma não esteja presente no ambiente rural, mas sim de uma forma menos agressiva. Neste, a sociedade ainda conserva uma relação de subsistência e dependência direta com a natureza. Este fato permite então que haja um "equilíbrio das forças".

Em oposição, a intesa reconstrução do espaço natural (ou já modificado) urbano e essa tendência à aglomeração em centros específicos gera o "desequilíbrio das forças", relegando a natureza e seus processos a segundo plano.

Assim, concluo dizendo que essa fronteira não se resume a significados apenas. Mas a relação que estes signicados promovem entre o sujeito e o significante.